
Um novo levantamento do instituto Vox Populi, chamado “O Trabalho e o Brasil”, revela que a maioria dos trabalhadores brasileiros continua acreditando na importância dos sindicatos — e vê a greve como um direito legítimo. A pesquisa ouviu 3.850 pessoas de diferentes perfis: assalariados com carteira assinada e sem carteira, autônomos, empreendedores, servidores públicos, trabalhadores de aplicativos, além de desempregados e aposentados. A margem de erro do estudo é de 1,6 ponto percentual.
Principais resultados Importância dos sindicatos: 68% dos entrevistados consideram os sindicatos importantes ou muito importantes para proteger direitos e melhorar as condições de trabalho.
Apoio à greve: Mais de 70% defendem o direito de greve.
Satisfação com atuação sindical: 52% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a atuação dos sindicatos. Entre autônomos e empreendedores — grupos historicamente fora da sindicalização — quase metade (49%) disse que gostaria de se filiar.
Reconhecimento de benefícios concretos: Muitos veem nas entidades um papel real na melhoria dos salários, nas negociações com empresas e na defesa de direitos.
O que os trabalhadores esperam dos sindicatos Quando questionados sobre como os sindicatos poderiam melhorar sua atuação, os entrevistados citaram: maior presença nos locais de trabalho (49,4%), comunicação mais eficiente (37,5%) e oferta de cursos de qualificação (29,6%). As prioridades apontadas pelos trabalhadores incluem: melhores salários (63,8%), geração de empregos de qualidade (36,6%), políticas de saúde e segurança no trabalho (26,6%), redução da jornada (21%) e combate à discriminação (18%). A discussão sobre encurtar a jornada de trabalho — por exemplo, substituir seis dias de trabalho por um dia de descanso — ganha força e pode ser tema importante nas eleições presidenciais de 2026. O estudo mostra que apenas 11,4% dos entrevistados estão sindicalizados. Entretanto, 14,6% disseram que com certeza se filiariam a um sindicato, e 35,9% consideram essa possibilidade. Segundo os pesquisadores, a fragmentação das relações de trabalho (trabalhadores terceirizados, profissionais PJ, autônomos, informalidade) contribui para a baixa sindicalização. Mesmo assim, os dados mostram que muitos desses trabalhadores valorizam a formalização por meio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Entre os autônomos que já tiveram carteira assinada, a maioria diz que gostaria de voltar a ter vínculo formal, por causa da segurança e dos direitos que a CLT oferece.